Rafael Nadal e Roland Garros: uma história de amor
Por diversas vezes, ao pensarmos em uma determinada competição ou prova esportiva, fazemos uma conexão, quase que automática, com um(a) atleta que marcou época no esporte. Na história, vimos atletas dominarem uma área específica de uma modalidade, como foi o caso de Usain Bolt e as provas nobres do atletismo e da russa Yelena Isinbayeva e o salto em altura. Também existem os competidores que parecem que nasceram para jogar um torneio específico. É assim com Cristiano Ronaldo e a Champions League e com Michael Phelps e os Jogos Olímpicos. No entanto, nenhuma dominância é tão evidente e impressionante quanto a de Rafael Nadal em Roland Garros.
A relação do Touro Miúra, alcunha dada ao espanhol pelos seus fãs por conta de sua força e postura dentro de quadra, com esse torneio de Grand Slam é algo fora de série. Rafa se transforma quando está atuando no saibro francês, sendo considerado o melhor jogador da história do tênis nessa superfície, com 438 vitórias e 40 derrotas (92% de aproveitamento) jogando em quadras de terra batida no geral.
Resolvi escrever este pequeno texto após o épico embate entre Nadal e Novak Djokovic pela semifinal da edição de 2021 de Roland Garros. Depois de mais de quatro horas de rallys espetaculares, inúmeras alternâncias no placar e muita emoção, o sérvio acabou levando a melhor por 3 sets a 1 (o que está longe de ser demérito do espanhol, já que Novak, ao lado dele e de Federer, completa o “Big 3” de melhores de todos os tempos da modalidade). Assim que acabou esse confronto, tive acesso a uma estatística assustadora que comprova o que falei no fim do primeiro parágrafo: em 108 partidas disputadas no Grand Slam francês, Rafa tem incríveis 105 vitórias e apenas três derrotas (duas para Djokovic e uma para Robin Soderling, considerada uma das maiores zebras da história do tênis).
O reinado de Nadal em Roland Garros é algo que vem de longa data e ao analisarmos o recorte do espanhol no torneio, fica claro o porquê de ele sempre ser considerado o favorito a levar o título desse Grand Slam em toda edição que ele participa. A história de amor entre os dois não começou ontem, tendo em vista que Rafa estreou na competição em 2005 e da melhor maneira possível, sagrando-se campeão pela primeira vez, com apenas 19 anos na época e tendo derrotado o lendário Roger Federer na semifinal. A história se repetiu em 2006, 2007 e 2008 e ele mostrou ao mundo o que estava por vir. Além do tetracampeonato inicial, o Touro Miúra emplacou um penta de 2010 até 2014 e mais um tetra de 2017 até 2020, somando incríveis 13 títulos no saibro francês e igualando-se a Federer com “apenas” 20 conquistas de Grand Slams em geral.
Ao olharmos algumas curiosidades históricas do torneio dominado pelo espanhol, fica nítida a sua superioridade. Ele é detentor da maior sequência invicta, com 39 vitórias seguidas entre 2010 e 2015; terminou o jogo mais rápido do campeonato, em uma vitória sobre Sam Groth, em 2016, por um triplo 6/1 (o embate durou 1h20); e tem um aproveitamento superior a 95% nas partidas disputadas em melhor de cinco sets.
Atualmente, Nadal figura na terceira colocação do ranking mundial e possui mais de 100 títulos na carreira, sendo que desses, 57 são dos torneios mais importantes do planeta (36 Masters 1000, 1 ouro Olímpico e os 20 Slams já citados). Dito isso, exponho todo o meu respeito e admiração pelo espanhol, somos privilegiados em poder acompanhar um jogador desse nível, que sempre se entrega e dá seu máximo em quadra. Mesmo que o meu preferido seja Federer, temos que valorizar (e muito) o Touro Miúra.